quarta-feira, 31 de julho de 2013


 

Parlamento aprova 40 horas semanais e requalificação


Após uns excelentes 10 dias de férias, sinto-me como um PC velho que temos necessidade de fazer actualizações para que o mesmo volte a funcionar correctamente. Efectivamente, nestes últimos dias tem sido isso que me tenho dedicado a fazer dado que o nosso pequeno País à beira mar plantado, está pior que uma Microsoft, sempre com novas “aplicações”.

Assim, após alguns updates referentes às informações disponibilizadas, não posso silenciar-me perante uma situação que me gerou além de desagrado, também alguma indignação e até exaltação. Depois de me acalmar resolvi partilhar o motivo para tais sintomas.

Anteriormente ao 25 de Abril (atenção que não tenho nada contra esta data), ser funcionário público era sinónimo de inteligência, de prestigio, de saber; logo após o referido 25 de Abril, ser funcionário público era sinónimo de militância no partido político até então perseguido por um regime ditatorial que não permitia uma verdadeira liberdade política. Após a estabilidade dos primeiros anos da instauração da democracia neste nosso velhinho País, se alguém tinha um amigo, de um amigo de um primo ou de outro qualquer parentesco que precisasse de trabalho, arranjava-se uma cunhazita e… o senhor ou senhora lá passava a integrar os quadros da… Função Pública.

Ora bem, não tenho nada contra estas pessoas, que na realidade acredito que como em todos os empregos serão uns excelentes profissionais e outros nem por isso, mas impõe-se então fazer um paralelismo com o sector privado. Antes do 25 de Abril, trabalhar no sector privado era o mais comum e infelizmente isso acontecia geralmente com as classes mais desfavorecidas e iletradas que se sujeitavam a patrões verdadeiramente ditadores e exploradores. Após o 25 de Abril, trabalhar no sector privado era uma clara manifestação de tentativa de protecção dos “fascistas” e como tal era mais fácil integrar o sector público, como já referi. E hoje?

Hoje é mais ou menos assim: Um funcionário do sector privado responde geralmente a um anúncio de emprego (mais ou menos idêntico ao sector público em que existe abertura de concurso e se fazem as candidaturas), mas é após a admissão em ambos os sectores, que tudo se altera: o funcionário publico trabalha 35 horas semanais e o privado trabalha 40; o funcionário público ameaça produzir menos se aumentar o horário para as 40 horas enquanto o funcionário privado se esforça por fazer horas extraordinárias não remuneradas para agradar às chefias; o funcionário público recebe o seu vencimento a partir do dia 20 de cada mês, o funcionário privado recebe no último dia útil do mês que se coincidir com o fim-de-semana passará a ser no mês seguinte, isto aqueles a quem os patrões ainda vão pagando; o funcionário publico perante um aumento do volume de trabalho, entra às 09:00 e sai às 17.30, sendo que o que não foi feito, logo se fará no dia seguinte; o funcionário privado perante um aumento do volume de trabalho, entra ao serviço se necessário às 07:00 da manhã e se necessário for, sairá às 20:00 ou mais tarde e se não for suficiente ainda vai trabalhar ao fim-de-semana sem remuneração; o funcionário público exige publicamente o cumprimento das suas pretensões, enquanto o funcionário privado procura num intervalo entre reuniões das chefias, dar a entender que precisava de algo mais.

Passemos a analisar então o patrão público e o patrão privado:

O Patrão público perante a falta de competência dos seus funcionários, contrata mais pessoas porque despedir não pode sob pena de ter manifestações à “porta” lideradas por sindicatos que da lei apenas conhecem os direitos, sem quererem perceber que um direito impõe sempre um dever e que todos temos direitos mas também temos deveres; o patrão privado, perante a falta de competência do seu funcionário despede-o de imediato com justa causa, argumentando entre outros, por exemplo, inadaptação para as funções contratadas; o patrão público tenta chegar desesperadamente a acordo sobre o aumento salarial que vai proporcionar aos seus funcionários; o patrão privado simplesmente… não aumenta; o patrão público avalia os funcionários por forma a que possam subir na carreira; o patrão privado dá uma palmadinha nas costas e agradece por ter feito um bom trabalho (há aqueles ainda que desconhecem o significado das palavras: obrigado, está muito bem feito).

Estas são algumas das inúmeras diferenças entre o sector público e o sector privado, pelo que como funcionária do sector privado, não posso deixar de ficar indignada com tanta queixinha de certos funcionários públicos e sindicatos que não sabem sequer o significado da palavra trabalho. Querem trocar? Com certeza a Função Pública ficaria a ganhar por ter nos seus quadros, pessoas habituadas a trabalhar muito e exigir pouco ou nada.

Há que ignorar estas pessoas e se não gostam de estar no público, óptimo, saiam que são demasiados para tão pouca produtividade e experimentem trabalhar no sector privado. Ups, já me esquecia, eles não sabem o significado de trabalho, apenas de emprego.

 
Atenção que existem, felizmente, bastantes funcionários públicos que são excelentes profissionais nas suas áreas e merecem o meu maior respeito. Obviamente que estas críticas não se aplicam a esses, mas esses também não estão constantemente a criticar, esses trabalham, pois conhecem bem o significado dessa palavra.

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